Jacopo Tintoretto, Ecce Homo ou Pilatos
apresenta
Cristo à multidão, 1546-47
De 8 de fevereiro a 10 de abril no CCBB do Rio de Janeiro apresenta a exposição Entre Nós - A figura humana no acervo do
MASP, o maior da América Latina.
Ao longo da
História da Arte, a representação da figura humana foi um meio de demonstração
de poder do Clero e da aristocracia, da adoração de deuses e santos, da
mimetização do real, da transformação da sociedade e da própria arte nos
séculos 19 e 20. A mostra reune mais de 100 obras do maior acervo de arte da América Latina. A exposição tem curadoria
de Rodrigo Moura e Luciano Migliaccio, da equipe de curadores do MASP, e traz
obras dos maiores nomes da arte mundial – Rafael, Francisco de Goya, Amadeo
Modigliani, Vicent Van Gogh, Pablo Picasso, Edgard Degas – e da arte
brasileira: José de Almeida Júnior, Anita Malfatti, Cândido Portinari, Lasar
Segall e Victor Brecheret, entre outros tantos.
Abrangendo um arco
histórico que se inicia entre os anos 900-1200 D.C., com as peças
pré-colombianas, e vai até os dias de hoje, estabelecendo um recorte
cronológico e um diálogo entre as distintas formas de representação e culturas,
a exposição abre com peças do acervo que reúnem as mimetizações do sagrado na
arte da Europa Medieval, da África e da América pré-colombiana, compondo um
diálogo entre os diferentes eixos da coleção do MASP.
O pintor e gravador
espanhol Francisco Goya y Lucientes está presente com Retrato da condessa de
Casa Flores (1790-1797) em diálogo com A educação faz tudo (1775-1780),
do francês Jean-Honoré Fragonard. As obras, em composição com dois dos
principais nomes da pintura acadêmica brasileira do século 19 – Interior com
menina que lê (1876-1886), de Henrique Bernardelli, e O pintor Belmiro
de Almeida (século 19), de José Ferraz de Almeida Junior – evocam o
surgimento do Iluminismo europeu e a busca por um ideal civilizatório
brasileiro durante o Segundo Reinado.
A partir dos séculos
19 e 20, a mimetização do humano é o meio pelo qual se trabalham a
sensibilidade da cor e da forma, explorando a experiência plástica, como na Rosa
e azul - As meninas Cahen d´Anvers (1881), de Pierre-Auguste-Renoir, e O
negro cipião (1866-1868), de Paul Cézanne, obra que sintetiza os aspectos
da pintura moderna. Nus (1919), da pintora francesa Suzanne Valadon, tem como referência
a concepção da cor puramente decorativa do pós-impressionismo e de Matisse para
expressar o desejo de liberdade e comunhão com a natureza como ideal feminino. Pablo Picasso, Busto de
homem (O atleta), 1909, questiona de maneira provocadora os gêneros e
limites da tradição pictórica com a figura de um lutador – provavelmente
publicada em jornal. Com o formato de um busto, típico da tradição heroica
comemorativa, o caráter do personagem em questão é definido a partir de volumes
e texturas, como nas culturas grega e africana, que serviram de influência para todos os movimentos artísticos do
início do século 20. Desta época, a mostra traz,
ainda, obras emblemáticas de Vincent Van Gogh, A arlesiana (1890); Paul
Gauguin, Pobre pescador (1896); Pierre Bonnard, Nu feminino
(1930-1933); Amadeo Modigliani, Retrato de Leopold Zborowski (1916-1919),
e uma série de esculturas de Edgar Degas que mostram a evolução dos
movimentos de uma bailarina - Bailarina que calça sapatilha direita
(1919-1932), Bailarina descansando com as mãos nos quadris e a perna direita
para a frente (1919-1932) e o feminino, como em Mulher grávida
(1919-1932) e Mulher saindo da banheira (fragmento), 1919-1932. Nas obras de Carlos Prado, Varredores
de rua (Os garis), 1935, Roberto Burle Marx, Fuzileiro naval (1938)
e Vendedora de flores (1947), obra doada ao museu durante a
SP-Arte/2015, estão narradas à realidade do povo diante das injustiças do país,
assim como Candido Portinari, com São Francisco (1941) e Maria
Auxiliadora da Silva, com Capoeira (1970), que narram traços da cultura
popular brasileira. Nomes referenciais do
movimento trazem retratos de figuras importantes do mesmo. É o caso do Retrato
de Tarsila, de Anita Malfatti, e o Retrato de Assis Chateaubriand,
criador do MASP, por Flávio de Carvalho. As marcas dos intensos
conflitos sociais e políticos do início do século 20 estão nas obras do pintor
e muralista mexicano Diego Rivera, O carregador (Las Ilusiones), 1944, e
Guerra (1942), de Lasar Segall, imigrante judeu da Lituânia que se muda
para o Brasil no início do século 20. Como é o caso também do pintor
ítalo-alemão Ernesto de Fiori, que deixa a Alemanha fugindo da repressão
nazista e se torna um nome influente do modernismo brasileiro dos anos 1930 e
1940. Do artista, a mostra apresenta a obra Duas amigas (1943). Um dos artistas mais
importantes do modernismo brasileiro, o escultor de origem italiana Victor
Brecheret, criador do Monumento às Bandeiras, marco das celebrações do
quarto centenário da cidade de São Paulo, está representado por seu Autorretrato
(1940). Artistas contemporâneas
também integram a mostra, reforçando o caráter do museu em estar aberto a novas
mídias, suportes e linguagens da arte. Uma sala apresenta o vídeo Nada É
(2014), do artista Yuri Firmeza. Pertencente à série Ruínas, o vídeo
mostra diferentes momentos da história da cidade de Alcântara, no Maranhão, e a
documentação da Festa do Divino. Trabalho (2013-16), de Thiago Honório,
é uma instalação que se apropria de ferramentas recebidas como presente de
operários durante a reforma de um espaço no qual o artista participava de uma
residência artística, transformando-as em esculturas que metaforizam o corpo
dos trabalhadores.
MASP - A figura
humana através dos tempos – África, Américas e Europa
Local: Centro Cultural do Banco do Brasil
Local: Centro Cultural do Banco do Brasil
Período expositivo: de 8 de
fevereiro a 10 de abril
Endereço: Rua Primeiro de
Março, 66
O Carregador (Las Ilusiones), 1944 - Diego Rivera
Retrato do cardeal Cristoforo Madruzzo,
1552 - Ticiano
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